Vida diária, chateações brincam de
roda: bateria do carro arriada, vazamento nos banheiros. Se pudesse ainda,
teria mais filhos, faria mais planos. Penso que é terça e é quarta e quase
perco a aula. Confesso que nasci sem
bússola e passo direto. Erro o caminho e me desoriento. Preciso de um Norte, de um coração forte,
um espírito lúdico.
Meu coração é meu guia. Como tua
cicerone, eu atuaria. “Nesse universo tão
misterioso e assustador”, você disse. Nesse escuro eu não me perco. Mergulho em imagens e
poesias sem medo. Não sei onde vou. Ou sei e é segredo. Sei que a vida é
etérea, o tempo é o rápido do cabelo curto. Um dia de barba feita. Uma bolha de
riso. Um curta, um voo, um show. Se houvesse mais tempo. Mas você é
comprometido e eu sou aérea.
E a vida segue assim: empurrando-nos
delicadamente, tão delicadamente que pensamos ter domínio sobre nossos
trajetos.
Não temos. Eles se fazem sozinhos. Somos
prisioneiros de nossas limitações. Privados de escolha. Levo na lembrança o que
cabe na mala boa, o que é leve, o que foi bom momento. Deleto na fogueira todo
desgosto, deleto mensagens sem ler, bloqueio um remetente sem me envolver. Levo
afetos, nenhum desafeto, algumas indiferenças. Esta é apenas mais uma bifurcação
do ardiloso labirinto que é a vida humana.
Agora há uma casa que me espera com rede na varanda, jardim e mar
pertinho. Lá sou outra, livre. Índia, criança, Eva. Lá não envelheço. A semana
vai ser cheia. Mandei embora a velha amargura.
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