A insônia e os “brancos” atingem pessoas de todas as idades, e
populações inteiras passam o tempo em busca de sono e de palavras. Nesse
momento há milhares de seres humanos com a porta do armário aberta e uma cara
vazia pensando: o que eu vim pegar aqui? Ou mudas, paradas feito mulas
no meio de uma frase e desistindo da palavra: daqui a pouco eu me lembro.
Nesse momento há centenas de milhares de pessoas que acordarão no meio da
noite. Não há idade para perder sono e palavras. É moda de época.
Quando eu era jovem não acontecia. Vovó tinha uma memória de elefante e vovô,
um sono de chumbo.
Em que momento perdemos os sonhos e a memória? Resposta: Quando
enfiamos um montão de porcarias na cabeça, pensamos em três ou quatro coisas ao
mesmo tempo, temos medo do Jornal Nacional, mas assistimos mesmo que com isso
esqueçamos tudo de bom que porventura tenho nos acontecido naquele dia,
lemos e esquecemos más notícias em frações de minutos, devoramos calhamaços de
inutilidades que se fragmentam em instantes, engolimos informações
parecidíssimas de CPIs do Congresso misturando siglas e nomes de corruptos no
liquidificador da lembrança. E ainda queremos dormir, sonhar e lembrar o
nome do autor do livro A incrível e triste história de Cândida Erêndira e
sua avó desalmada.
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