Finita como flores

17 de jul. de 2018

LABIRINTO DA CRIATIVIDADE


Queria o que não pude. Mudei de ideia mil vezes.
Vivi perdida no labirinto da criatividade. Medo do amanhã, do ridículo, das novas e inevitáveis perdas. Não há mais pai nem mãe para morrer. Profissão para escolher. Amor imprevisto para nos surpreender, ingênuos, confiantes, desavisados, porque a qualquer momento o coração poderia disparar e acontecer. Não há mais anseios, só ansiedades. 
Búzios me traiu porque cresceu. E exagera, traz lembranças demais. Maravilhosas e tristes, foi tempo vivido forte, vivido às pressas, o mundo ia acabar na guerra fria e eu não podia perder um segundo. Lembro e me invejo jovem quando minutos acumulavam lembranças e hoje a vida bate lenta e curta como um trailer de um filme em show-motion. 
Perdas demais. Pensava que os amigos morriam quando a gente ficava velhinha, mas pensava tudo errado, em cada canto uma história, uma morte, um enlouquecimento, o nascimento de um burguês. Não fiz amigos novos lá. Aqueles que mantenho, carrego numa bandeja de prata. Em Búzios não me desligo, carrego os quilos de sonhos perdidos, arrasto saudades enferrujadas, fico pesada, é um passado e tanto a cada passada.

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