Finita como flores

23 de fev. de 2014

O CARIOCA


O carioca tem uma qualidade, que de tão grande virou defeito. Não nega informação na rua.
 Faça o teste. 
Pergunte a um carioca onde fica a Rua Tal. 
Se ele souber, repare seu olhar de satisfação. 
Porém... se ele não souber a localização da Rua Tal, observe sua expressão de descontentamento. 
O carioca vai olhar arregalado em volta, fazer um esforço sobre-humano, cavucando a memória, aflito. 
E, se de todo não puder ajudar, vai dizer qualquer coisa, é capaz até de inventar que é pra lá. 
E não será por maldade. 
Simplesmente o carioca, quando abordado por alguém perguntando onde fica a tal lugar, não consegue responder simplesmente:
 - Desculpe, eu não sei.
A Antropologia explica mais que Freud
Esse comportamento atávico teve sua origem nos primeiros contatos entre tribos indígenas seminômades e estrangeiros perdidos na selva. 
Os índios eram tão alegres e geograficamente tão situados, 
e os estrangeiros tão desorientados e medrosos, 
que nada dOía mais na alma ingênua de um silvícola do que encontrar aqueles branquelos peludos e magrelos suando e desidratando em suas botas, a poucas passadas de um riacho doce embutido na mata.
Naquela época nem precisava perguntar nem gesticular: água, água, água... Era só olhar pra cara suada e faminta do gringo perdido e assustado e apontar? 
Não. Os índios faziam questão de levá-lo até lá.


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