O carioca tem uma qualidade, que de tão grande virou defeito. Não nega informação na rua. Faça o teste.
Pergunte a um carioca onde fica a Rua Tal.
Se ele souber, repare seu olhar de satisfação.
Porém... se ele não souber a localização da Rua Tal, observe sua expressão de descontentamento.
O carioca vai olhar arregalado em volta, fazer um esforço sobre-humano, cavucando a memória, aflito.
E, se de todo não puder ajudar, vai dizer qualquer coisa, é capaz até de inventar que é pra lá.
E não será por maldade.
Simplesmente o carioca, quando abordado por alguém perguntando onde fica a tal lugar, não consegue responder simplesmente:
- Desculpe, eu não sei.
A Antropologia explica mais que Freud.
Esse comportamento atávico teve sua origem nos primeiros contatos entre tribos indígenas seminômades e estrangeiros perdidos na selva.
Os índios eram tão alegres e geograficamente tão situados,
e os estrangeiros tão desorientados e medrosos,
que nada dOía mais na alma ingênua de um silvícola do que encontrar aqueles branquelos peludos e magrelos suando e desidratando em suas botas, a poucas passadas de um riacho doce embutido na mata.
Naquela época nem precisava perguntar nem gesticular: água, água, água... Era só olhar pra cara suada e faminta do gringo perdido e assustado e apontar?
Não. Os índios faziam questão de levá-lo até lá.
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